A Cor Vermelha...

Varais de poesias desativam áreas minadas?
Versos de protestos ou
fraldas brancas hasteadas por ONGs
não serão contenção para o ódio.
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Não há tempo pra’o artista
mesclar todas as cores de seu apelo.
Há projéteis caindo, notas musicais
sem acordes. Em campos de luta,
jamais amarelos de Van Gogh!
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O solo dos corações
de quem pronuncia as guerras e controla
as armas, tornaram-se inférteis.
Então, não haverá girassóis.
Meninos, qual rua de suas vidas
o cordão da pipa se rompeu ?
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Registros bíblicos nos parecem tão recentes:
Congelada ficou a imagem de Jesus chorando por Jerusalém.
Desespero sobre ruínas,
em tempo real observamos o Planeta em decadência.
Não há piedade. Não há segurança.
Tão pouco, há lógica? Alguém pergunta.
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Multiplica-se o mal. Tensão ante a frequência
dos fenômenos naturais.
São rápidas as patas do leopardo arrazoando o mundo.
Não há negociação nessa história.
Não há como a canção do Oriente
não ser fonte explosiva de choro.
As retinas estão inflamadas pela procura insana da paz.
Porque há sempre que se correr,
há sempre que socorrer alguém das súbitas bombas.
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E o caderno de desenho das crianças?
Terão qassans em vez de estrelas?
Valas de mortos em vez de jardins floridos ?
Olhinhos apavorados de mudos sorrisos.
À noite, talvez já não se contem histórias pra elas.
A injustiça destrói a esperança,
as 1001 Noites são de pesadelos, alertas constantes.
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A Cor Vermelha cauteriza das memórias
relatos das paisagens férteis de Sarom,
dos perfumados campos de açucenas.
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Membros são mutilados cruelmente;
dos jovens, o amor e os sonhos.
A identidade aniquilada.
Mulheres tecem mantos de fé e se cobrem da dor.
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Aqui?
Jasmins e manacás aromam quintais.
E por não querermos ser cúmplices,
desligamos o noticiário, fechamos jornais, portas,
tudo off line.
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Ocultamo-nos em almofadas de paina.
O que nos chega são ritmos orientais eletrônicos
roupas coloridas brilhantes narguile essas coisas...
Entorpecidos, anestesiamos nossos sentidos:
estratégias de um jogo virtual.
Game Over Game Over
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A ONU tenta esclarecer o último conflito
Gritos Medo Súplicas
Minhas mãos são atadas. Sopro versos
para meus irmãos distantes.
Mas versos não curam feridas. Versos não são atos de amor.
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Ajudo a tecer orações: malha universal trançada por todos os povos.
Meu Deus é paz, esperança e lógica.
A guerra?
A guerra é ARMAGEDOM
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“e a resposta meu amigo, um dia deixará de pairar ao vento” (b)
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- mas ainda não é tempo de lobos e cordeiros pastarem juntos – (c)
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Autora da poesia: Selma Monteiro / Corumbataí, 2011.
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(a) Tradução p/ Tzeva Adom (hebraico). É um radar de alerta instalado pela Defesa de Israel em várias cidades em torno da Faixa de Gaza para alertar os civis de iminente ataque de foguetes, geralmente os Qassam. O poema foi escrito depois de ouvir a música sobre o conflito de Israel: http://youtu.be/DoNKjtShsyU
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(b) Ref. à música Blowin' in The Wind, de Bob Dylan.
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(c) Ref. ao versículo 25, de Isaías, cap.65.
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A Selma, minha querida amiga e irmã, me mandou esse lindo poema pra compartilhar com vocês.
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Obrigado querida, ele é muito intenso, me tocou profundamente.
Beijos... Cida.